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Um errante em argolas de fumo mesto

terça-feira, julho 08, 2003

A praia

O carreiro faz-se de areia espalhada pelo vento, agora moldada pela chuva e de pegadas disfarçadas pela água. Tábuas desfazem-se, espaçadas, por pés que as pisaram enquanto olhavam o mar, de ondas negras, o mar. As dunas, avenidas de memórias móveis e sombras de regressos de adeus.
O mar revolto em espuma, envolto em sons plúmbeos de tempestades que tardam em ecoar… suspende
A respiração
Suspende-se, fotográfico, serpenteando as rochas. Hoje as gaivotas voam assustadas, longe dos cardumes e perto dos homens. Há na gaivota uma cumplicidade de medo e pânico com o Homem.
O cigano vai dançando em torno de um tronco náufrago. É noite e a fogueira faz-se lenta, avistam-se pequenos barcos de pesca de candeia acesa, procurando lulas. Os mosquitos respeitam-lhe a pele, acham o seu sangue muito amargo. Ouvem-se rixas de gatos e matilhas de cães abandonados. Não se permitirá a mais nada esta noite. Por agora pede descanso – a sua cabeça, agradece.
E então?
(Após um longo período de hibernação, eis que o Cigano regressa à actividade) E então?

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