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Um errante em argolas de fumo mesto

quarta-feira, janeiro 19, 2005

666 - Um lugar do Diabo

Aqui, onde o monte se junta à manhã e a neblina escorrega em insinuantes e sinuosas gotículas. O vento vai-me beijando, abraçam-me em silêncio as cigarras e um cigarro é amigo nas sombras mais escondidas de cada buraco da noite e no versejar enigmático das folhas do plátano. Incontáveis bichos fazem a sua vida, preguiçando como gostam, trabalhando ao ritmo a que podem.
Fecha o livro, encerra as páginas, adormece na rede, na sede de paz entretanto saciada. És tranquilidade e por isso voz de aconchego desta carícia… delícia, este chá de Lúcia Lima arrefecendo fumegante ao sopro ligeiro da tua boca entre as minhas mãos.
No alto do monte, afastado do mundo, vê-se terra e o mar, vêem-se alguns vales, lezírias ribatejanas, uma serra, outra serra: Sintra e Candeeiros. Além a foz do Arelho e a península do Baleal. Seiscentos e sessenta e seis metros de altitude de onde o Diabo vê tudo, desde a alma até ao pecado. Aqui o ar é tão limpo e puro que os pulmões viciados e poluídos nos doem a cada golfada de oxigénio, o peito rasga-se, a pele gela e o corpo vive mais um pouco.
O Demo gosta de ver tudo a nu.
E então?

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